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Quem não arrisca não petisca

“Arrisque-se! Toda vida é um risco.

O homem que vai mais longe é geralmente aquele que está disposto a fazer e a ousar.

O barco da 'segurança' nunca vai muito além da margem.”

(Dale Carnegie)

 

Estou numa fase de mudanças na carreira, e isso tem agitado os dias por aqui. Há um ano, aceitei o convite de um novo trabalho, mesmo estando feliz onde estava e ganhando mais do que ganharia com a nova oferta. Fui abordada por uma headhunter, via LinkedIn, e num primeiro momento apenas agradeci e disse que não tinha interesse. Ela, insistentemente, disse-me: "Você vai rasgar envelope fechado?". Frase de efeito, mas que deu um tremendo clique na minha cabeça. Parei para ouvi-la, analisei o todo e resolvi me jogar. Tentei, sem garantia alguma, prever o futuro e me enxergar lá na frente. Ao pedir demissão, disse ao meu então chefe: “Estou sentindo como se estivesse rompendo um namoro estando apaixonada.” Era um sentimento genuíno.

Hoje, ao deparar com um post meu do Facebook, escrito à época, pus-me a rememorar o caminho trilhado desde o “sim” até aqui. Ele dizia:

“Eu, uma pandemia e um sábado à noite...

Estou aqui escrevendo meu texto para o blog. Resolvi falar sobre sexo, inspirada por essa noite linda. Acabei de chegar em casa. Cumpri meu ritual de amor de colocar meu pai na cama e, durante o caminho até aqui, vim pensando sobre essa semana intensa que vivi, de boas novidades, porém de decisões difíceis. Perdida em meus pensamentos, disse em voz alta, "Crescer dói, Fabiana!" Aí lembrei da minha infância, quando eu tinha constantes e insuportáveis dores nas pernas, e minha mãe me fazia massagem para aliviar e dizia, "É dor de crescimento, Bi!" Acho que eu preferia aquela dor, pelo menos a massagem da minha mãe a aliviava. O amor tem esse dom.

Pois é, Fabiana... Crescer dói!”

 

Crescer dói! Mas se não enfrentarmos as dores, seremos apenas espectadores lamentosos de nós mesmos, morrendo lentamente. Viver é arriscar, tentar, cair, levantar, espanar a poeira, cuidar dos joelhos ralados e seguir.

 

Amo analogias e sempre tenho uma para tudo. Uma das minhas preferidas, e que constantemente cito, é sobre a tal zona de conforto. Para mim, ela é como aquele sofá velho, que já tem a marca do nosso corpo, e nós sonhamos com o abraço dele ao final de um dia cansativo. Porém, se passarmos muito tempo ali, ganharemos de brinde uma baita dor na coluna. Há de se saber a hora de se movimentar!

 

Eu estava confortavelmente largada no meu sofá, mas algo soprou ao meu ouvido que já era tempo de levantar e arriscar. Como diz minha velha e sábia mãe, “Quem não arrisca não petisca!” E eu completo dizendo que é preciso petiscar, é preciso se fartar de viver!

 

O futuro, que tentei prever há um ano, chegou. Ele agora é presente! E que presente! Cheguei, não sem luta, não sem dor, não sem muitas dúvidas, a um lugar que me pertence, que me enche de orgulho e me estimula a seguir em frente.

Medo é uma palavra que fugiu do meu dicionário particular, e não sei se isso é bom. Viver com medo nos tira o melhor da vida, mas viver totalmente sem ele pode nos levar a atos impensados e impulsivos que não resultarão em coisa boa. Preciso buscar esse equilíbrio. Deu certo, tem dado, mas poderia ter dado terrivelmente errado. Porém, como dizia o Poetinha, “se não os temos como sabê-los?” Ele se referia a filhos, em seu Poema Enjoadinho, mas tomo essa “lição” para tudo na vida.

Quando optamos por arriscar, colocando nosso barco em águas agitadas, temos que estar preparados para reavaliar a rota em caso de necessidade, de uma possível ameaça de naufrágio. Lançá-lo na direção de novos ventos, ajustando suas velas, é preciso. Ancorar um pouquinho para tomar o fôlego necessário, é bem-vindo, mas voltar a navegar rumo a novos destinos, novos portos, mesmo que incialmente o caminho esteja coberto por uma bruma, faz-se necessário. Brumas sempre se dissipam, nunca me esqueço disso, e a paisagem atrás delas pode ser incrível.

Ao me autoanalisar, chego à conclusão que vivi tantos anos na zona de conforto, por escolha própria, enquanto filha e esposa, que quando abri as portas da gaiola e voei, deslumbrei-me. Nada nem ninguém pode deter essa sede de viver que me invadiu há cerca de 10 anos.

E esse é apenas o começo do resto da minha vida!

© 2025 por Fabiana Rongo e Jaimar Martins | Criado com Wix.com

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