top of page
A tal da responsabilidade afetiva

“Responsabilidade afetiva é plantar no coração de outra pessoa

apenas aquilo que você tem a intenção de cultivar.”

(autor desconhecido)

 

Durante essa semana, pensei bastante sobre a tão falada responsabilidade afetiva ou responsabilidade emocional. Já escrevi algo a respeito, há uns três anos, e virou até um capítulo chamado “Eu devo desculpas ao Pequeno Príncipe” do meu primeiro livro. Mas, como minha cabeça nunca para, e sou um ser em constante evolução, achei que era o momento de escrever novamente sobre o tema. Sempre há o que falar. Sempre há o que acrescentar.

​

Existem os que defendem veementemente que isso é balela, que somos todos adultos e, como tais, responsáveis pelas nossas escolhas, e por aí segue a gama de argumentos dos “umbigocentrados”, como costumo chamar os que vivem nesse mundo apenas para si e são incapazes de olhar um tantinho para o lado. Esses não têm a menor noção, ou têm e fingem demência, do estrago emocional que podem causar num coração distraído. É como estar com uma granada nas mãos tendo a opção de desativá-la, mas optar por puxar o pino e arremessá-la.

​

A linha que delimita a minha vida da sua não pode ser tênue, e ela deve ser imensamente respeitada. Via de mão dupla. Nem todos têm inteligência emocional, nem todos estão equilibrados, nem todos pensam como eu penso, nem todos estão bem, nem todos trilharam os mesmos caminhos. Cada um conhece o peso da sua bagagem e os fantasmas de seus traumas. Portanto, não posso entrar na vida de ninguém metendo o pé na porta, colocando os pés no sofá, mijando de porta aberta e sair à francesa quando estiver enjoada do balanço da rede. Respeito é básico e absolutamente necessário, não é um acessório que uso quando me convém.

​

Li um post de uma psicóloga, famosinha nas redes sociais, dizendo para não cairmos nessa armadilha de responsabilidade afetiva, pois cada um é dono do próprio nariz e sabe bem o que faz. Resumindo, ela dizia “ema, ema, cada um com seus problemas” ou “foda-se o emocional do coleguinha, tá liberado ser um filho da mãe”. Achei de uma irresponsabilidade absurda, ainda mais vindo de uma profissional da saúde mental.

​

Ok, eu concordo que somos todos adultos e responsáveis pelas nossas escolhas, mas um romance, um relacionamento, se vive a dois. Ele só existiu por conta de uma escolha conjunta. Se compartilhamos o lado bom, os prazeres, as alegrias, não podemos ser um babaca que simplesmente vira as costas e dane-se o sofrimento que nasceu no outro com o rompimento.

​

Repito o que disse em Fabianices, ninguém é obrigado a estar com ninguém sem vontade, sem amor. Desencontros amorosos acontecem o tempo todo. Há de ser ter muito zelo ao entrar na vida de alguém e zelo redobrado ao sair, não tripudiar. Se você preza apenas pelo seu alívio, você é um cretino, sim!

​

As pessoas misturam as estações. Responsabilidade afetiva não é sobre reciprocidade, é sobre honestidade, é sobre respeito, é sobre ser real. É sobre saber que o que não significa nada para você pode significar muito para o outro. Responsabilidade afetiva não quer dizer que é preciso corresponder aos sentimentos dos outros, mas sim que é preciso ser claro sobre o que sente e não alimentar algo que não pretende investir. É preciso colocar-se no lugar do outro, não iludir alguém apenas para alimentar o seu ego.

​

Se está claro para ambos que a relação é apenas ancorada no prazer sexual, está tudo bem. Mas, se uma das partes percebe que a outra seguiu numa direção oposta e se apaixonou, pisar no freio e colocar as cartas na mesa é essencial. Lidando com 100% da verdade, aí sim, o outro será responsável pelas suas escolhas.

​

É isso! Termino esse texto com uma mensagem primorosa que achei na internet, ao acaso, vasculhando sobre o tema:

​

“Tenha responsabilidade emocional, sinta empatia, saiba se colocar no lugar do outro, busque entender que talvez você não goste daquela pessoa do mesmo jeito que ela gosta de ti. É só ser sincero e não brincar com os sentimentos alheios. Seja claro em suas decisões e deixe o outro ciente. Responsabilidade emocional é ser verdadeiro consigo, e mais ainda com o envolvido. Mantenha transparência sobre suas intenções.
Mas calma, vou falar numa língua que talvez você entenda: “não seja cuzão”!"

(Elmatarazzo)

© 2025 por Fabiana Rongo e Jaimar Martins | Criado com Wix.com

bottom of page